Pastores chineses passam por treinamento para maior controle do partido comunista

 Pastores chineses passam por treinamento para maior controle do partido comunista
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Os cristãos foram o primeiro grupo religioso a enfrentar a implementação do novo sistema de “governança rigorosa da religião” imposto pela China.

A governança religiosa chinesa envolve a gestão e supervisão das práticas e instituições religiosas para garantir que elas estejam em conformidade com as doutrinas e regulamentos impostos pelo regime comunista.

Este sistema passou a vigorar após o seminário nacional sobre “Sinicização da Religião”, que se refere ao alinhamento das práticas religiosas com os valores e políticas do Partido Comunista Chinês (PCC).

Esta campanha, realizado em 26 de junho, está sendo supervisionada diretamente pelo Departamento de Trabalho da Frente Unida, uma agência governamental da China responsável por coordenar e supervisionar as políticas relacionadas à relação entre o PCC e diferentes grupos sociais e religiosos.

A “Governança rigorosa da religião” significa que o controle sobre comunidades locais, pastores e sermões deve ser mais rígido do que anteriormente.

Religiões autorizadas

Os responsáveis pelas cinco religiões autorizadas, incluindo a Igreja Cristã das Três Autonomias (TSPM), devem admitir que seus esforços anteriores não foram totalmente eficazes. Agora, é necessária uma “governança rigorosa”, com supervisão e controle diretos pela Frente Unida e pelo Partido Comunista Chinês.

Com isso os pastores da Igreja Cristã das Três Autonomias estão sendo treinados em todo o país para implementar a “governança rigorosa”.

A Igreja Cristã das Três Autonomias, também conhecida como Movimento Patriótico das Três Autonomias, é a principal igreja protestante oficial na China, controlada pelo PCC.

Criada em 1951 para assegurar a independência da igreja de influências estrangeiras, a TSPM adota princípios de autogoverno, autossustento e autopropagação. As igrejas do TSPM devem seguir as diretrizes do PCC e enfrentam restrições em suas práticas.

De outro lado, igrejas clandestinas (chamadas também de domésticas ou subterrâneas) ou não registradas operam fora do controle estatal e frequentemente enfrentam perseguição.

Treinamento piloto

Um treinamento piloto a nível nacional foi realizado em Guangzhou de 8 a 12 de julho e, em agosto, foram realizados eventos de treinamento em nível provincial para dar continuidade a essa iniciativa.

O evento realizado em Guangzhou reuniu cem pastores, identificados como “líderes de igrejas significativas em todo o país”.

Uma imagem do curso de treinamento piloto em Guangzhou. (Foto: Weibo)

Durante o evento, os participantes ouviram apresentações de autoridades do Departamento Nacional de Trabalho da Frente Unida e do pastor Xu Xiaohong, chefe do Movimento Patriótico das Três Autonomias.

O pastor Xu analisou o novo plano quinquenal para a Sinicização do Cristianismo na China (2023–2027), destacando seu objetivo principal de “eliminar as influências remanescentes das ideias teológicas ocidentais, coloniais e simplistas”. Ele afirmou que, para alcançar esse objetivo, é necessário implementar a “governança rigorosa”.

Os burocratas da Frente Unida explicaram que pretendem trabalhar com os pastores na aplicação da nova Lei de Educação Patriótica, que entrou em vigor em 1º de janeiro de 2024.

Diretrizes foram publicadas para a implementação das leis nas igrejas e religiões, mas a Frente Unida admitiu que a maioria das igrejas das Três Autonomias não fez mudanças significativas. Isso justifica a necessidade de uma intervenção direta e firme da Frente Unida.

Resistência

Existem movimentos de resistência interna e defesa da liberdade religiosa na China, embora enfrentem grandes desafios devido ao controle rigoroso do governo.

Algumas igrejas clandestinas e grupos religiosos não registrados continuam praticando sua fé em segredo, apesar do risco de repressão.

Além disso, organizações internacionais de direitos humanos, como a Portas Abertas, monitoram e denunciam a perseguição religiosa na China, oferecendo apoio e visibilidade para os casos de violação de liberdade religiosa.

Esses movimentos e organizações trabalham para manter viva a prática religiosa e defender os direitos dos fiéis, mesmo em um ambiente de crescente controle e restrições governamentais.

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