As profecias cumpridas na Independência de Israel
Quatorze de maio de 2024 é o dia da Independência de Israel, quando a nação completa 76 anos da criação do Estado novo. Conhecido por Yom HaAtzmaut, esse dia aponta para o cumprimento de profecias bíblicas escritas há muitos séculos e é um dos maiores milagres da Idade Contemporânea.
No último dia do mandato britânico na Palestina, em 14 de maio de 1948, David Ben-Gurion, primeiro-ministro e fundador do Estado moderno de Israel, declarou a independência da nação. Não há como desvincular a formação do novo Estado da figura única de Ben-Gurion. Como ninguém, compreendeu que todo seu esforço e trabalho precisava do respaldo divino na forma de milagres, algo que sempre ocorreu por toda a história de Israel. Certa vez, ele disse que aquele que não crê em milagres não é realista.
De fato, a criação do novo Estado de Israel pode ser considerada um dos maiores milagres de todos os tempos. Há apenas três anos antes, os nazistas finalizavam o extermínio de seis milhões de judeus na Europa, dizimando a população judia. Os que conseguiram escapar com vida tinham marcas profundas no corpo e na alma que as acompanham até hoje. Nem o maior de todos os estadistas ou estrategistas políticos poderia imaginar um Estado judeu ao fim da Segunda Guerra. Porém, o que parecia impossível tornou-se uma vívida realidade em curto espaço de tempo.
O vale de ossos secos
O dia da declaração de independência por Ben-Gurion fora profetizado por Isaías há mais de 2.600 anos, quando escreveu: “Quem já viu tais coisas? Pode uma nação nascer num só dia, ou pode-se dar à luz um povo num instante? Pois Sião ainda estava em trabalho de parto, e deu à luz seus filhos” (Isaías 66:8).
A profecia mais ligada à formação do Estado novo, porém, sem nenhuma controvérsia de interpretação, entre os judeus de diversos segmentos religiosos e correntes filosóficas, está em Ezequiel 37 e é mais conhecida como “o vale de ossos secos”. Aqui o profeta fala do renascimento de Israel como nação, após a longa diáspora de quase dois mil anos, o que ocorreu em 14 de maio de 1948.
Um povo subjugado pelos nazistas e considerado uma pátria semimorta, assim eram os judeus ao fim da Segunda Guerra Mundial. No entanto, Deus promete abrir suas sepulturas, retirar seu povo delas e levá-los à terra de Israel (Ezequiel 37:12). Em seguida, o Senhor declara: “Tirarei os israelitas das nações para onde foram. Vou ajuntá-los de todos os lugares ao redor e trazê-los de volta à sua própria terra. Eu os farei uma única nação na terra, nos montes de Israel. Haverá um único rei sobre todos eles, e eles nunca mais serão duas nações nem estarão divididos em dois reinos” (Ezequiel 37:21,22).
Esta profecia, escrita há mais de 2.500 anos, começou a ser cumprida em Yom HaAtzmaut e continua a se cumprir em nossos dias, diante de nossos olhos, quando, a cada ano, aumenta o número de imigrantes judeus que saem dos quatro cantos do mundo para voltar à terra de Israel.
“Plantarão vinhas e beberão do seu vinho”
Também no livro de Isaías, o profeta faz eco a Ezequiel 37, prevendo a unificação das tribos perdidas de Israel à tribo de Judá: “Ele erguerá uma bandeira para as nações a fim de reunir os exilados de Israel; ajuntará o povo disperso de Judá desde os quatro cantos da terra” (Isaías 11:12). Jeremias previu o mesmo: “Mudarei a sorte de Judá e de Israel e os reconstruirei como antigamente” (Jeremias 33:7).
Um dos profetas mais antigos a profetizar sobre o mesmo tema foi Amós, há mais de 2.700 anos, ao escrever: “Trarei de volta Israel, o meu povo exilado, eles reconstruirão as cidades em ruínas e nelas viverão. Plantarão vinhas e beberão do seu vinho; cultivarão pomares e comerão do seu fruto. Plantarei Israel em sua própria terra, para nunca mais ser desarraigado da terra que lhe dei, diz o SENHOR, o seu Deus” (Amós 9:14,15). Quando se vê as inúmeras viniculturas que há hoje em Israel, bem como suas abundantes lavouras, essa passagem milenar salta das folhas da Bíblia para se mostrar uma fascinante realidade diante de nossos olhos.
“E porei em vós o meu Espírito”
Ainda na passagem do “vale de ossos secos”, lemos: “E porei em vós o meu Espírito, e vivereis, e vos porei na vossa terra; e sabereis que eu, o Senhor, o falei e o cumpri, diz o Senhor” (Ezequiel 37:14). Além de prometer trazer seu povo para a terra de Israel, o Senhor promete lhes dar de seu Espírito.
Esta promessa foi transmitida por outros profetas, entre eles, Joel, e foi a última promessa feita por Yeshua antes de ascender aos céus, em Atos 1:8. Pelo calendário judaico, a ascensão de Yeshua se deu no mês de Iyar, exatamente o mês da criação do Estado novo de Israel. Logo, a conexão dessa data com a promessa do Espírito é imediata. O Senhor a cumpriu dez dias após sua ascensão, na Festa de Pentecostes, sobre os discípulos. Entretanto, aquele evento foi apenas o início. É necessário compreender que a restauração de Israel começa com o milagre de seu ressurgimento como nação e só será plena com a volta do Messias, quando “todo Israel será salvo” (Romanos 11:26).
O cumprimento da promessa de Deus em estabelecer Israel em sua terra e unificar as doze tribos é um sinal profético da volta de Yeshua para instaurar seu Reino milenar. Esse evento inaugurou uma era de um derramar de seu Espírito como nunca visto na Terra, algo que crescerá continuamente até sua volta, aos que estão perto (judeus) e aos que estão longe (gentios), enfim, a todos aqueles que invocam e confessam o nome do Messias de Israel.
Getúlio Cidade é escritor, tradutor e hebraísta, autor do livro A Oliveira Natural: As Raízes Judaicas do Cristianismo e do blog www.aoliveiranatural.com.br.
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